Ao menos, por mim (e certamente por alguns linuxers que abandonaram o KDE). Em 1999 (o ano em que experimentei pela primeira vez um sistema operacional GNU/Linux), tinha apenas três escolhas de ambientes gráficos “decentes” para o meu PC desktop: o WindowMaker, o KDE e o GNOME. O primeiro a experimentar (por recomendação de um velho amigo) foi o WindowMaker, o qual logo deixei de lado por apresentar uma proposta radicalmente diferente do sistema que já me havia habituado. Já o KDE e o GNOME, me diverti com ambos durante alguns meses…
Anos depois, resolvi migrar de vez para o Tux e por já conhecer estes ambientes gráficos, optei pelo KDE em vista do bom amadurecimento (especialmente a partir da versão 3.0) e por se assemelhar sob muitos aspectos, a interface do sistema operacional Windows. Já o GNOME, bem: durante esta época, ele também amadureceu, mas a sua proposta de usabilidade (estabelecida através da documentação “GNOME Human Interface Guidelines”) me trazia um certo desconforto em comparação ao bom e velho KDE. Enquanto este último se tornava um poderoso e moderno ambiente gráfico a cada lançamento pontual, o GNOME parecia “parado” no tempo!
Se não bastassem as escolhas controversas do GNOME em relação aos aspectos relacionados a usabilidade (chegando ao ponto de muitas distribuições promover customizações radicais para a sua interface e reposicionar os elementos que a compõe), a situação piorou ainda mais a partir da versão 3.0, que por sua vez trouxe uma proposta radicalmente diferente dos ambientes gráficos tradicionais, por estar centrada na otimização do que eles (desenvolvedores) acreditavam ser, as ideais para garantir as melhores experiências possíveis. Na prática, as idéias eram até boas, mas deixam a desejar na execução.
Sim, o GNOME 3.0 era uma BOSTA! Tão ruim, que o próprio Linus Torvalds fez duras críticas em relação a usabilidade de sua interface, além da Canonical (que na época, era a maior colaboradora do projeto) ter optado por desenvolver uma nova interface gráfica batizada de Unity, em substituição a interface Shell do GNOME. Outras iniciativas também fizeram o mesmo, trazendo novas interfaces como é o caso da MATE e do Cinnamon. Mas por incrível que pareça, o KDE também “deu o troco”, concebendo mudanças radicais em sua infraestrutura de software que acabou não agradando muito os linuxers, a partir da edição 4.0: o KDE Plasma.
Com o passar do tempo, os desenvolvedores foram promovendo todas as melhorias e as otimizações necessárias para a interface do GNOME Shell, além de adaptar e reescrever muitas aplicações & serviços nativos dela, adequando-as de acordo com a sua proposta de usabilidade. A partir da edição 40, as mudanças gradualmente feitas ao longo do tempo foram atendendo aos requisitos, tornando este ambiente gráfico estável e funcional, além de ser dotado de uma excelente usabilidade, baseada no seu lema “menos é mais” (mesmo com a sua simplória interface). Se a interface padrão não agradasse, o usuário poderia recorrer ao uso de extensões.
Nessa época, já havia abandonado o KDE (desde o 3.5) e adotado o Xfce por uns tempos, já que o meu equipamento na época (um netbooks ASUS EeePC) não tinha poder computacional suficiente para rodar o KDE e o GNOME. Tempos depois, resolvi migrar para o GNOME mais por “falta de opção” do que escolha própria, já que a esta altura as principais distribuições faziam o seu uso como ambiente gráfico padrão, além de grande parte das aplicações utilizarem a biblioteca gráfica GTK. E aos poucos, o GNOME foi deixando de ser (para mim) um “patinho feio” para se tornar um “belo cisne”. Sim, me rendi ao GNOME!
Atualmente, o GNOME é o mais popular ambiente gráfico disponível para os sistemas operacionais baseados em Unix (Linux, BSD, Solaris, etc), deixando o KDE Plasma como uma bela alternativa para aqueles que não se adaptaram a sua filosofia e abordagem. E isto se deu graças as iniciativas e aos esforços feitos por parte dos seus desenvolvedores, além do apoio de sua generosa comunidade de usuários, reportando as falhas em geral e trazendo feedbacks positivos para auxiliar no seu desenvolvimento.
Mesmo que não gostem dele, ainda existem outras opções de interfaces… &;-D